Ouvimos os sapos naquela noite.
A floresta dormia enquanto o seu canto cadente varava o silêncio.
A lagoa era pequena, escondida entre árvores e arbustos, protegida dos olhos curiosos e dos ouvidos atentos.
Seguimos o orquestrado, atravessamos a vereda. E lá estavam eles: dezenas? Centenas?
As suas cores cintilavam sob a luz da lua branda, papos inchados e pernas erguidas: os sapos!
Milhares de notas musicais desconhecidas se desdobravam a cada segundo. Latonia? Alegria? Festa?
Despreocupados e alheios a nossa presença, a sinfonia se estendia.
E nós, camuflados na pequena trilha, vivenciando com encanto aquele sonoro canto.
Sapo, gia, magia. Uma noite na floresta.
Nossos olhos na brecha do tempo.
Vigilantes, deslumbrados, estupefatos.
Ouvimos os sapos e a música daquele instante se tornou canção na nossa estória passante.
E a sua vibrante sinfonia ficou gravada nos nossos tímpanos.
Os sapos cantando na lagoa distante. Um momento para sempre redimido nas nossas lembranças.
Sandra Rodrigues.
Pois é, Ada. Nesta noite o espetáculo foi realmente marcante. Creio que a quantidade de sapos e gias eram com certeza nas centenas. É bom registrar eventos assim. Efêmeros, porém marcantes.
Ahh que lindo... me reportou a uma experiência quando fiz o Caminho de Santiago, passei por um lugar onde milhares (sem mentira) de sapos e gias cantavam, conversavam... foi incrível pena não ter gravado. Adorei sua história.
Obrigada, amiga. Incrível foi ver e ouvir aquele espetáculo.
Muito incrivel sua percepcao da sinfonia dos sapos!