Meu Mito - Para minha mãe
- Sandra Rodrigues
- Feb 7, 2021
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O tempo fez de ti um mito
E hoje me permito
Muito mais te amar.
Passaram-se as fraldas, mamadeiras, noites mal dormidas,
Brincadeiras, canções de roda e de ninar.
Passaram-se amarguras,
Noites tão escuras as quais
Pensavas jamais acabar.
E passaram-se adolescência
Temosias, encrencas, descrenças
Enquanto multiplicava-se em ti o perdoar.
Vieram os dias de adulto,
Mistérios ocultos, o adeus,
As terras distantes, a separação.
Vistes tudo isso com o sentimento que te era tão teu.
Te doía nos olhos as lágrimas
E te torcia de dor o coração.
Mas permanecestes.
Em sonho, dor, alegria e espanto,
Permanecestes mesmo quando te faltava o chão.
Fostes então chamada de vovó.
Vieram de novo os chorrinhos,
Os sapatinhos, lençóis bordados de matizes infantis.
E te lembrastes alegre que
Não havias ficado só
Enquanto relembravas sonhos juvenis.
Filhos crescidos, muitos partidos
E firme esperavas no além horizonte
Que estória encantante
Te faria outra vez atravessar dos céus as pontes
Só para poder de novo nos abraçar.
Seriam necessárias tantas palavras
Para toda tua ternura contar.
Em triste dia teu príncipe partiu
Depois de conhecer a velhice
E a fragilidade - nem tempo tiveste para dele se despedir.
Ficou um infinito de saudade.
E aqui hoje estás a contemplar
Estes dias: És continuação, amor, magia.
Estás conosco, por todos nós
Pela esperança que jamais se esvazia.
Deus em ti, proteção.
És mamãe. És meu mito.
Meu grito de amor nestas linhas.
Nelas cravada minha gratidão.
Te amo eternamente,
Minha doce mãezinha.
Te amo tanto que nem tempo
Ou espaço este amor
Jamais apagarão.
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